sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Trafico de animais silvestres

Nua e cruamente, o tráfico de animais se define pela retirada de espécimes da natureza para que possam ser vendidos no mercado interno brasileiro ou para o exterior. A situação e as suas conseqüências são um pouco mais complicadas, vejamos: Apesar de existirem animais que realizam trabalho para o homem (o cão guia do cego, o carro-de-boi, o cão-pastor etc), o tráfico de animais não tem por objetivo a captura de animais para o trabalho e sim para deleite próprio, considerados "coisa querida", do tupi antigo "xerimbabo". Porém, a manutenção de animais silvestres em apartamentos e casas causa tanta privação aos animais que se, realmente fossem coisa querida, não deveríamos privá-los da liberdade. Hoje criamos gatos, cães e outros animais que não mais possuem seu lugar no ambiente natural; entretanto, não é esta a situação de micos-estrela, de papagaios, araras, entre vários outros. Estes animais ainda podem ser livres, ainda possuem um habitat e condições de viverem em liberdade.
Infelizmente a idéia de soberania sobre estes animais e, portanto, de sua utilização sem critérios éticos, remonta à descoberta do Brasil quando araras, papagaios e outros animais foram enviados à Portugal. A grande quantidade de psitacídeos (araras, papagaios, periquitos e maritacas) existentes no Brasil à época de seu descobrimento fez com que estas paragens fosse, durante muito tempo, denominada "Terra dos Papagaios". Um pouco mais de 500 anos depois não podemos mais observar tantos destes animais a colorir as matas e céus de nosso país porém, vários "enfeitam" gaiolas em residências no Brasil e em diversos outros países.
Assim, para manter a cobiça de novos animais de estimação e, também, para sustentar a moda, diversos animais foram continuamente "exportados" para a América do Norte e, principalmente, para a Europa. Por exemplo, entre 1901 e 1905 o Brasil exportou, principalmente para a Inglaterra, mais de 600 quilos de penas de garça, arara, papagaio, tucano, beija-flor, entre outros. Tal comércio, custou a vida de muitos animais.
Hoje o comércio continua, de forma clandestina, mas continua. E, para que se sustente o tráfico internacional, existe uma bem estruturada rede de tráfico interno. Este tráfico se inicia com o ribeirinho ou qualquer outro indivíduo que resida junto ao ambiente natural capturando e aprisionando os animais para depois vendê-los diretamente aos turistas ou aos primeiros atravessadores que os transportam para os grandes centros de compra. Entre os principais meios de transporte destes animais pode-se citar os barcos na região norte e os caminhões e ônibus nas outras regiões do País.
Aqueles animais que não são diretamente "exportados", por meio das fronteiras e aeroportos, normalmente são encaminhados para o eixo Rio-São Paulo onde são vendidos em feiras-livres. Atualmente os traficantes não levam todo o seu "estoque" para a feira mantendo os animais mais valiosos em armazéns e residências próximas.
A compra de um animal silvestre resulta em duas certezas:
1. O animal preferiaria estar livre;2. O comprador está contribuindo para que outros animais sejam capturados, torturados no transporte - mortos pelo tráfico. O tráfico dos animais não é de responsabilidade somente dos traficantes, quem compra também tem suas mãos sujas com sofrimento e morte destes animais.

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